Significado do mau-olhado

O que a modelo Gigi Hadid, a duquesa de Sussex Meghan Markle e minha avó de 98 anos têm em comum? Uma crença na "maldição silenciosa" do mau-olhado.

Em 2017, Hadid lançou uma linha de sapatos estampados com o nazar, o tradicional amuleto em forma de olho que se acredita afastar o mau-olhado. Markle tem sido frequentemente fotografada usando joias de mau-olhado, como colares e anéis com o nazar e também o hamsa, o talismã em forma de mão preferido pelas culturas judaica e muçulmana para desviar o mau-olhado.

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Minha falecida avó não usava amuletos atraentes de mau-olhado, mas ela estava ciente dos perigos de compartilhar boas notícias em público por medo de atrair os olhares invejosos que liberavam o mau-olhado. "Kinehora", ela dizia em iídiche, seguido por três sons de cusparada em staccato, "Pooh, pooh, pooh", o feitiço protetor de todas as avós judias. (Kinehora é uma contração de três palavras em iídiche, kayn ayin hara, que significa "sem mau-olhado").

Apesar de suas diferenças de idade e origens culturais, todas as três mulheres são a prova de que a crença no símbolo do mau-olhado é tão persistente hoje quanto era há 5.000 anos. Enquanto houver inveja, ciúme e "energia negativa" no ar, o mau-olhado estará sempre conosco.

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"O mau-olhado é uma maldição desencadeada por um olhar ou um olhar fixo", diz Antonio Pagliarulo, autor do novo livro "The Evil Eye: The History, Mystery and Magic of the Quiet Curse". "E nasce da inveja e do ciúme, mas também do ressentimento, da raiva ou da ganância. Na maioria das vezes a maldição é intencional, mas também pode ser despertada involuntariamente, que é onde você começa a 'cuspir' ou diferentes gestos com as mãos para afastar isso embora."

O mau-olhado originou-se da antiga crença de que os olhos são condutos de energia, tanto positiva quanto negativa. Mesmo um olhar de passagem, se dirigido com bastante malícia ou inveja, pode atingir o destinatário com um raio de mau juju ou má sorte.

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É exatamente assim que Plutarco, o filósofo e historiador grego, descreveu o mau-olhado há 2.000 anos. Em uma coleção de ensaios chamada "Moralia", Plutarco explicou que as emoções da mente aumentam a violência e a energia dos poderes do corpo. Quando alguém é dominado pelo ciúme, seu corpo literalmente se enche de maldade. E porque os olhos estão fisicamente tão próximos da mente, a energia maligna sai dos olhos como um brilho malévolo e atinge sua vítima.

Qualquer resultado ruim pode ser rastreado até o mau-olhado. Se você sofre de doença ou ferimento, foi causado pelo mau-olhado. Se você perder o emprego ou for roubado, o mau-olhado está por trás disso. Mesmo objetos inanimados podem ser atingidos pelo mau-olhado. Se o seu porão inundar ou seu smartphone morrer, isso também é o mau-olhado em ação.

Bebês, crianças, mulheres grávidas e animais são mais vulneráveis ​​ao mau-olhado, razão pela qual as culturas de todo o mundo prescrevem diferentes amuletos e rituais para protegê-los.

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Na Turquia, é costume que a família e os amigos dêem um pequeno nazar azul e branco a bebês recém-nascidos para afastar o mau-olhado. Na Índia, alguns pais usam kohl para desenhar um ponto preto no rosto do bebê para desviar o mau-olhado, conhecido lá como nazar ou drishti. Minha avó e alguns outros pais judeus amarram uma fita vermelha no berço de um bebê para desviar o mau-olhado.

Quando se trata de gravidez - uma condição repleta de incerteza e ansiedade - os crentes no mau-olhado evitam qualquer comportamento ou discurso que "tente o destino", como diz Pagliarulo.

"Na cultura italiana e católica em que fui criado, não havia chá de bebê", diz Pagliarulo. "Isso foi visto como uma coisa perigosa de se fazer." Em vez disso, as mulheres grávidas usavam amuletos e faziam orações especiais para afastar o mau-olhado, e os bebês recém-nascidos tinham fitas presas em seus macacões no hospital para protegê-los.

Em 2021, a autoridade religiosa estatal na Turquia causou alvoroço ao proclamar que usar talismãs de mau-olhado era proibido pelo Islã, porque não se deve atribuir poder a ninguém ou a nada além de Alá.